terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Papo de policial para policial



Por Wagner Coelho

Em uma blitz, abordamos os ocupantes do fusca da mesma forma que abordamos os ocupantes da Land Rover?

Durante uma busca pessoal, revistamos o filho do pedreiro da mesma forma que revistamos o filho do coronel?

Diante de uma mera fundada suspeita, entramos na casa da lavadeira de roupa da mesma forma que entramos na mansão da desembargadora?

Quando encontramos o filho do pedreiro com um cigarro de maconha, damos o mesmo tratamento que damos ao filho do magistrado?

Quando o vendedor de cocada se nega a entregar os documentos pessoais, tratamos da mesma forma que tratamos o mega empresário da construção civil?

Quando o vaqueiro agride a esposa, conduzimos à delegacia da mesma forma que conduzimos o grande fazendeiro e latifundiário da região?

Quando um catador de papel nos pede uma ajuda, atendemos com a mesma presteza que atendemos o prefeito da cidade?

Quando o filho do vendedor de picolé é acusado de furtar um celular, fazemos o mesmo procedimento que fazemos com o filho do delegado?

Quando o filho do borracheiro diz que sabe dos seus direitos, tratamos da mesma forma que tratamos o filho do deputado da região?

Fica a reflexão.

A missão de um policial em um estado democrático de direito é mais que inibir e prender o transgressor. Não podemos nos comportar como máquinas de guerra programadas somente para reprimir e repelir às injustas agressões. Somos mais que isso. Temos a capacidade - se ousarmos, de sermos agentes sociais, agentes de transformação social. Somos membros desse corpo chamado sociedade e devemos interagir com as camadas menos favorecidas e tratá-las com o devido respeito sem violar a sua honra e moral, pois fazemos parte dessas camadas. Não se comporte como um ser que se sente fora do povo, SOMOS POVÃO, não somos essa elite burocrática que tem horror a pobre.
Estamos mais próximos dos menos desprovidos de recursos do que daquela minoria que acumula a maior parte das riquezas desse país.

Trata-se de respeito ao próximo!

Trata-se do princípio universal da Dignidade da Pessoa Humana e não da Dignidade da Pessoa com Posses.

Que possamos refletir sobre nossas ações.

2 comentários:

  1. Excelente reflexão. Só explicitar que certamente o outor não tem a intenção de inferir que ao pertencer a elite econômica o indivíduo é automaticamente opressor. Fato, muitos se comportam assim. Como também é fato lamentável que muitos de nós (negros e pobres) no exercício de deve-poder, adotamos posturas repressora, autoritária e abusivas.

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