quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A TÁBUA E O NAVIO






por Wagner Coelho




Caro Policial Militar, convido-lhe a fazer parte da ASPRA BAHIA, mas antes é necessário que faça uma leitura reflexiva.

Imagine um oceano repleto de policiais, cada um com uma TÁBUA. 

Imagine que você também está nesse oceano. 

A TÁBUA é a responsável por mantê-los vivos. Em cima dela você é livre para remar em qualquer direção, seus braços e sua consciência não estão condicionados à vontade de nenhum opressor.

Você pode se aproximar ou se afastar de qualquer pessoa quando quiser, a sua consciência é quem diz por onde deve navegar nesse imenso oceano.

Agora imagine um grande NAVIO DE AÇO, navegando poderosamente, dominando as águas e devastando tudo que encontra em seu caminho. Os policiais precisam remar com muita força para fugir da sua fúria. Toda vez que dois ou mais policiais se unem para construir um NAVIO DE MADEIRA ele vem e passa por cima. 

Estando sozinho ou em grupo, os policiais sempre serão atacados por esse navio. A única forma de não ser atacado é abrindo mão de sua liberdade e se aliando ao grande navio de aço, subindo e fazendo parte de sua tripulação.

Se porventura você escolher embarcar, estará seguro dos ataques do navio que outrora lhe atacara, obtendo uma posição privilegiada comparada com aqueles que decidiram ficar no oceano.

Porém, para ter esse conforto é preciso entregar a sua tão valiosa TÁBUA. O navio de aço se move através da queima de madeira, e o que antes era o seu bem mais valioso se tornará carvão.

A sua consciência não o conduzirá, será conduzido pelo navio e não terá opinião própria, abrirá mão da liberdade pela comodidade.

Chegando nesse novo ambiente precisará competir com os que chegaram antes e com os que virão depois. Estará impossibilitado de falar o que pensa e de lutar pelo que acredita. Se tiver influência conseguirá posições privilegiadas, mas sempre estará lutando para não perdê-las. A tirania reina nesse ambiente. Estará cercado por muitas pessoas que têm como deus o dinheiro e o poder.

Mesmo que tenha êxito e consiga status e poder, e ainda que tenha pessoas aos seus pés, sempre haverá outro policial acima de você que o impedirá de exercer a livre manifestação do pensamento. 

No navio de aço a sua vontade estará condicionada à vontade daquele que está no poder. Sua opinião deverá mudar de acordo com que muda o tirano. Agindo de outra maneira não terá privilégio algum. 

Em 1549, o filósofo francês Étienne de La Boétie em o "Discurso Sobre a Servidão Voluntária", retratou a postura daqueles que de livre vontade se sujeitam a servir a tiranos.

Vejam o que ele disse:

"O tirano submete a uns por intermédio dos outros. Mas os desgraçados, banidos por Deus e pelos homens, suportam de boa mente o mal e descarregam depois esse mal não naquele que os maltrata, mas nos que são como ele maltratados e não têm defesa.

À vista dos que servilmente giram em redor do tirano, a executar as suas tiranias e a oprimir o povo, fico muitas vezes espantado com a maldade deles e sinto igualmente pena de tanta estupidez.

Porque, em boa verdade, o que fazem eles, ao acercarem-se do tirano, senão afastarem-se da liberdade, darem (por assim dizer) ambas as mãos à servidão e abraçarem a escravatura?

Ponham eles algum freio à ambição, renunciem um pouco à avareza, olhem depois para si próprios, vejam-se bem e perceberão claramente que os camponeses, os servos que eles espezinham e tratam como escravos são em comparação com eles, livres e felizes.

O camponês e o artesão, embora servos, limitam-se a fazer o que lhes mandam e, feito isso, ficam quites.

Os que giram em volta do tirano e mendigam seus favores, não se poderão limitar a fazer o que ele diz, têm de pensar o que ele deseja e, muitas vezes, para ele se dar por satisfeito, têm de lhe adivinhar os pensamentos.

Não basta que lhe obedeçam, têm de lhe fazer todas as vontades, têm de se matar de trabalhar nos negócios dele, de ter os gostos que ele tem, de renunciar à sua própria pessoa e de se despojar do que a natureza lhes deu.

Têm de se acautelar com o que dizem, com as mínimas palavras, os mínimos gestos, com o modo como olham; não têm olhos, nem pés, nem mãos, têm de consagrar tudo ao trabalho de espiar a vontade e descobrir os pensamentos do tirano.

Será isto viver feliz? Será isto vida? Haverá no mundo coisa mais insuportável do que isto? Não me refiro sequer a homens bem nascidos, mas sim a quem tenha o sentido do bem comum ou, para mais não dizer, cara de homem. Haverá condição mais miserável do que viver assim, sem ter nada de seu, sujeitando a outrem a liberdade, o corpo, a vida?"

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O filósofo Francês retratou um comportamento do século XVI e isso se aplica perfeitamente aos dias atuais.

Você terá de se comportar dessa forma se entregar seu bem mais valioso para ser destruído, a sua A LIBERDADE.

Essa opção que acabei de descrever é a que não aconselho para você, sugiro que escolha a melhor das opções, a que escolhi e transformou minha vida. 

Breve comparação:

O OCEANO representa a POLÍCIA MILITAR, a TÁBUA a LIBERDADE, o CARVÃO a SUBMISSÃO e o NAVIO DE AÇO representa o GOVERNO com sua estrutura de poder, métodos de manipulação da mídia, promoção de injustiças, oferecimento de vantagens para aqueles que defendem os interesses do governo e não da categoria e estratégias de divisão da classe dos policiais.

Por fim, falarei do NAVIO DE MADEIRA aqui representado pela ASPRA BAHIA.

Nesse momento, no estado da Bahia, existe um Navio de Madeira chamado ASPRA, formado por TÁBUAS de homens e mulheres que decidiram navegar em busca de policiais que acreditam num projeto de transformação e que tenham sede e fome de Justiça.

Para você fazer parte basta que reme, junte-se, coloque sua TÁBUA e ajude a construir um grande navio. Mas, o mais importante é que sua TÁBUA sempre será sua, ela continuará sendo seu maior bem. Mesmo estando cercado de várias pessoas você terá voz ativa e será mais um responsável pela condução do navio.

No Navio de Aço “manda quem pode e obedece quem tem juízo” no Navio da ASPRA todos têm poder porque além de juízo temos JUSTIÇA E LIBERDADE.

No Navio ASPRA não é preciso queimar as tábuas para nos movermos, pois somos movidos pelos ventos que empurram nossas velas. 

E quando não houver ventos remaremos todos juntos! 

Dessa forma seremos mais unidos e mais fortes para lutarmos pelos nossos direitos e pelo fim das opressões. Lutaremos com toda intensidade pela dignidade do policial e colocaremos fim à segregação existente no nosso meio. 

Não importa se navegaremos rápido ou devagar, com muitos ou poucos, mas o certo é que chegaremos a lugares inimagináveis.

Não haverá lugar para subserviência, pois a soberba não habita no navio dos justos. 

Mas tome ciência de uma coisa, quanto maior for o nosso navio mais facilmente avistado ele será. A quantidade de inimigos poderosos aumentará. 

O navio de aço nos atacará sempre, as investidas traiçoeiras nos deixará em alerta constantemente, por esse motivo deverá existir a confiança um no outro. E mesmo que ele destrua o nosso navio cada um pegará sua TÁBUA de volta, esperará a calmaria das águas e novamente, de um em um, reconstruiremos o nosso Navio da Liberdade. 

Nem que sejamos atacados e destruídos mil vezes, recomeçaremos tudo novamente.

Se você desprezou esse texto seu lugar é no Navio de Aço, mas se sentiu um desejo de viver diferente e quer lutar por transformação seu lugar é no nosso Navio.

DEUS ABENÇOE A ASPRA!

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