quarta-feira, 26 de maio de 2010

Delegado é morto ao dar entrevista para rádio na Bahia


Clayton Leão Chaves era titular da 18ª Delegacia de Camaçari

Segundo reportagem da TV Globo, por volta das 8h desta quarta-feira (26/5), o delegado Clayton Leão Chaves foi morto em uma emboscada, na estrada da Cascalheira, na Bahia. No momento do crime, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado, o delegado concedia uma entrevista pelo celular aos radialistas Marco Antonio Ribeiro e Raimundo Rui, da Rádio Líder FM de Camaçari.




No momento em que o policial parou o carro para falar ao celular, um grupo de homens armados, em um outro carro, se aproximou e começou a atirar contra Leão. A Polícia Civil informou que o policial estava no carro com a mulher, que não foi atingida pelos disparos.

O policial morreu no local. Ele foi atingido por dois tiros na cabeça. Um terceiro disparo acertou a lateral do carro. No áudio da rádio é possível ouvir o delegado dizer: "Peraí, peraí" e em seguida os tiros, a voz de pelo menos dois interlocutores - suspeitos de serem os atiradores - e os gritos da mulher do delegado, desesperada ao ver o marido baleado. Ela grita: "Pelo amor de Deus, mataram o Clayton aqui na [estrada da] Cascalheira."

terça-feira, 25 de maio de 2010

Índios: latifúndio segue matando e invadindo


por Rosana Bond

Dezenove de abril é tido como o Dia do Índio. Dia de apoio a eles, deveriam ser todos. Pois a exemplo do que ocorre com os camponeses pobres, os indígenas brasileiros continuam sendo cotidianamente atacados pelo latifúndio semifeudal e as demais classes dominantes.


É um processo que começou 500 anos atrás, quando o capitalismo mercantil europeu invadiu o território das nações nativas deste pedaço da América.

Sobre o genocídio que abateu milhões de índios brasileiros, disseram o historiador Pedro Paulo Funari e o arqueólogo Francisco Noelli:


"Aryon Rodrigues, um grande especialista em línguas indígenas (...) propôs uma estimativa sobre a quantidade de línguas faladas por povos diferentes no território brasileiro (...) A projeção alcançada foi da ordem de 1200 línguas no início do século XVI.

(...)Nos séculos seguintes à chegada de Cabral, teria havido uma drástica redução das línguas indígenas no Brasil, principalmente em virtude da morte de muitos milhões de pessoas, na ordem de mais de 80%, uma perda incomensurável de diversidade cultural.
Em termos demográficos, isso significa uma triste conta ainda a ser feita, esperando por pesquisas que possam revelar a dimensão do genocídio indígena".


O ROUBO

Conforme o último relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) , ocorreram 41 casos de invasões possessórias e de exploração de recursos naturais em áreas indígenas no período 2008/2009. As invasões foram cometidas por "pecuaristas, agricultores e grileiros" (boa parte fazendeiros e grandes empresários, segundo outras fontes).
Madeireiras e garimpeiros retiraram ilegalmente de terras indígenas bens lucrativos como pedras preciosas, ouro, cascalho e areia. Os casos ocorreram nos estados do Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.

O estado com o maior número de casos (8) foi Rondônia. O relatório do Cimi registrou invasão de terras indígenas por fazendeiros, exploração ilegal de madeira, retirada de areia e construção de obras. Sublinhou ainda que o próprio gerente de Rondônia, Ivo Cassol, ocupa 80% do território tradicional do povo Wayurú.

Mato Grosso apareceu com 7 casos (entre desmatamento, exploração ilegal de madeira, invasão por fazendeiros, poluição de rios por agrotóxicos e pesca predatória). "Isto não surpreende, visto que o Mato Grosso tem registrado os piores índices de desmatamento em consequência da expansão de monoculturas, sobretudo de soja, que requerem, além de espaço, uso intensivo de agrotóxicos", afirmou o documento do Cimi.

No período foram anotados 16 conflitos relativos aos direitos territoriais dos índios: Bahia (2), Ceará (4), Maranhão (1), Mato Grosso (1), Mato Grosso do Sul (1), Pará (1), Rondônia (5) e Santa Catarina (1).

O relatório apontou que em 9 casos a causa principal "foi a morosidade das autoridades na regularização das terras indígenas".

O documento apontou outros 37 casos de omissão e morosidade na regularização das terras. "A Funai não atende às demandas das comunidades indígenas. Há demora na demarcação e algumas vezes até paralisação do processo", disse Roberto Liebgott, vice-presidente do Cimi.

Os índios enfrentam outro problema mesmo quando a homologação oficial é realizada: a retirada dos invasores. A área Apyterewa dos parakanãs, no Pará, é um exemplo. A terra foi homologada, no entanto mais de 1.200 fazendeiros e madeireiros continuavam no local, no período 2008/2009.

Outro caso foi o da comunidade dos tupinambás, que foi expulsa de forma violenta de uma área que havia retomado, porque a Funai não cumpriu o prazo estipulado pelo Tribunal Regional Federal para finalizar o relatório de identificação das terras.

Houve, por outro lado, 7 conflitos provocados pela construção de obras, como um centro turístico e um porto no Ceará. Em Rondônia, obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da gerência Luiz Inácio, não levaram em conta os impactos aos chamados Povos Isolados (Obs: grupos indígenas ainda sem contato com os brancos), colocando em risco sua sobrevivência. Foi o caso da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, e do asfaltamento da BR-429, que liga os municípios de Presidente Médici e Costa Marques.

OS ASSASSINATOS

Segundo o relatório, 60 indígenas foram assassinados no país. Outras fontes informam que muitos deles foram por mando de latifundiários.

Desse total, 42 vítimas eram guaranis, que pertenciam ao subgrupo dos kaiowás, do Mato Grosso do Sul. As outras mortes foram cometidas no Maranhão (3), Minas Gerais (4), Alagoas (2), Pernambuco (2) e Tocantins (2).

"Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos", disse Anastácio Peralta, liderança dos guaranis kaiowás, revoltado.

E complementou: "Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação. A polícia vem rapidamente prender um índio que fizer algo errado. Mas se algo for feito contra ele, não são tomadas providências".

O protesto desses guaranis frente aos ataques e injustiças sofridas os têm levado até à auto-imolação: 34 deles se suicidaram, 50% mais que no período anterior.

A brava resistência

Apesar dos ferozes ataques das classes reacionárias, as nações nativas têm imposto uma resistência constante a esses criminosos. Como vimos, no período de um ano houve 16 conflitos relativos a terras e 7 relativos à construção de obras, somando portanto 23 casos em que os índios empreenderam lutas por seus direitos.

É importante então, neste abril, homenagear os guerreiros indígenas do país relembrando a história do povo kurâ (bakairi) do Mato Grosso. Esta antiga nação, quando os brancos das classes agressoras já achavam que estava desculturada e dominada, começou a renascer das cinzas a partir dos anos 1960, travando embates e obtendo vitórias pouco conhecidas pelos brasileiros.

No final da década de 1980 e início da de 1990 acompanhei pessoalmente uma parte dessas lutas, resultando daí um grande respeito e admiração por esta tribo tão valorosa.

Os kurâs, conhecidos como bakairis pelos brancos, pertencem à cultura karib e habitam o sul do Xingu nas reservas de Santana e Pakuera, onde vivem em diversas aldeias.

Hoje somam cerca de mil indivíduos. Uma grande conquista de sobrevivência, pois contaminados pelo sarampo, já estiveram à beira da extinção: em 1884 estavam reduzidos a 77 pessoas.

Na verdade, toda a história dos kurâs é uma sequência de conquistas contra vários tipos de violência.

Na década de 1730 foram transformados em escravos nas minas de Mato Grosso e, mais tarde, anos 1800, nas de Diamantino. Nesta última época, uma parte deles também foi explorada por fazendas agrícolas e de gado na região do rio Paranatinga.

A partir de 1884, os kurâs foram obrigados a trabalhar em empreendimentos seringueiros, na extração da borracha, sofrendo grandes violências, entre elas a proibição de falar a sua língua.

Na década de 1920 o governou ordenou a ida dos kurâs ao Paranatinga e nesta migração as epidemias extinguiram vários grupos da tribo. Nesta fase, além de muitos continuarem subjugados pelos seringueiros e de não poderem praticar o idioma ancestral, a nova aldeia Pakuera teve que aceitar a nefasta presença de evangélicos ianques da South American Indian Mission (SAIM). Esta entidade gringa hoje é ligada à Igreja Cristã Evangélica do Brasil, tidos como protestantes dos mais conservadores.

Sobre isso, a índia Darlene Tawkane, que conheci jovenzinha na aldeia, sonhando em ir estudar na Universidade em Cuiabá, contou em seu livro A história da educação escolar entre os Kurâ-Bakairi, editado em 1999:

"Anos após a implantação da escola (na Pakuera), em 1928, instalaram-se entre nós os missionários protestantes da SAIM, com o objetivo de nos converter ao protestantismo. Nessa época, muitos dos (nossos) recém-migrados do Alto Xingu haviam morrido em razão de surtos epidêmicos que chegaram a extinguir aldeias inteiras.

Eles (missionários) instalaram-se nos primeiros anos distante do Posto do SPI (hoje Funai), às margens do Ribeirão Azul e perto de sua confluência com o Paranatinga, onde hoje se localiza o Posto e a Escola.
Esses missionários e os agentes do SPILTN (Serviço de Proteção ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais, também conhecido como "escola do marechal Rondon") disputaram entre si o poder sobre os Kurâ-Bakairi.

Em meio a essas disputas, os missionários optaram por adotar uma estratégia política que favorecesse suas relações com os indígenas: presenteá-los para atraí-los, sobretudo aqueles que frequentavam os seus cultos dominicais, com sabonetes, sabão, colares de miçangas, roupas, tecidos, perfumes, etc.

Os meninos que frequentavam sua escola, que funcionava em regime de semi-internato, trabalhavam nas hortas e as meninas como empregadas domésticas na missão. Como forma de pagamento pelo trabalho realizado, estas crianças recebiam os mesmos brindes".

Essa situação descrita por Darlene durou 40 anos, quando então os kurâs organizaram um movimento de resistência e combate a todas as opressões sofridas, não apenas as relativas à missão da SAIM.

Foi a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar!

Foi o fim daquilo que a tribo chama de "tempo da escravidão", marcado pelo trabalho forçado, pelo exílio compulsório, pelo rígido controle de suas vidas, pelos castigos aplicados aos "infratores" da ordem imposta.
Expulsaram os missionários gringos na década de 1960; voltaram a falar a língua ancestral; expulsaram os seringueiros nos anos 1970 e na mesma época informaram a outros missionários gringos (do Summer Institute, acusado de vínculos com a CIA e financiado pelo bilionário Rockfeller, entre outros capitalistas) que suas visitas não eram mais benvindas; nos anos 1980 afastaram chefes do Posto local da Funai, brancos, substituindo-os por um conselho de caciques e pajés, implantaram uma educação bilíngue com professores exclusivamente kurâs e retomaram práticas culturais que tinham sido proibidas ou abandonadas.
Entre tais práticas estavam a contação de lendas, os cantos e danças do "kapa", a confecção de canoas usando somente a casca do jatobá (uma especialidade da tribo, que preserva a madeira da árvore) e a festa do batismo do milho.

Vivendo no Mato Grosso, em 1988 tive a honra de fazer parte de um pequeno número de convidados brancos que presenciaram a retomada da festa do milho, quando travei amizade com alguns kurâs, principalmente com membros da família Tawkane (Darlene, Doroti e Estevão).

Na continuação desta amizade tive oportunidade, anos depois, já morando em Brasília, de ser mensageira da aldeia junto à Funai. Foi num episódio guerreiro em que o grupo indígena capturou alguns paulistas, de famílias burguesas, que há anos faziam temporadas de pesca no território kurâ, cometendo barbaridades nos rios dos índios, tais como matar peixes jogando dinamite na água.


















As eleições e o caráter do Estado






Fausto Arruda

Nestes últimos anos a natureza tem sido particularmente pródiga em desmentir toda a demagogia do oportunismo à frente do gerenciamento PT-FMI. Montanhas de reais, gastos em propaganda mistificadora, vêm abaixo junto com as enchentes e avalanches de lama e lixo que destroem as casas e eletrodomésticos comprados no crediário das Casas Bahia, devidamente estimulado por Luiz Inácio.





As enchentes de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Sergipe, as epidemias de dengue, meningite, gripe e outras mazelas falam bem mais alto sobre o verdadeiro caráter da "democracia brasileira" do que os eletroeletrônicos comprados a perder de vista, mas com juros escorchantes, tão alardeados pelo oportunismo como expressão maior desta democracia de fancaria.

Também saltam aos olhos e às consciências os estratosféricos lucros obtidos pelos bancos e o fato de uma pessoa como Eike Batista, da noite para o dia, se tornar um dos cinco homens mais ricos do mundo, e mais, a facilidade e benevolência com que o BNDES favorece à formação de monopólios, incentivando fusões, inclusive ao arrepio da própria lei feita por este Estado.

Aí, sim, está à vista o verdadeiro caráter da "democracia brasileira": tudo para os ricos e esmolas para os pobres.

Ao ingressarmos em mais um período de campanha eleitoral é conveniente desmascarar os mal intencionados e alertar os ingênuos sobre o significado das eleições burguesas, principalmente nos países semicoloniais onde vigora um capitalismo de tipo burocrático no qual o poder, ou seja, o Estado, é instrumento de dominação da grande burguesia e do latifúndio, de velho e novo tipo, a serviço do imperialismo.


ELEIÇÃO NÃO MUDA NADA

Há mais de cem anos que se vota no Brasil. Após a proclamação da República, que não alterou a dominação de classes do império, as eleições têm servido, no máximo, para estabelecer novas correlações de força entre as várias frações das classes dominantes, ora dando maior parcela de poder ao latifúndio e à burguesia compradora, como na chamada república velha, ora dando mais poder à burguesia burocrática, como nos gerenciamentos de Getúlio, de Juscelino e Jango. Na história da república brasileira, o caráter do Estado, independente de qual corrente política o gerencia, permanece inalterado: democracia para as classes dominantes e ditadura para as amplas massas de operários, camponeses, semiproletários e demais classes (pequena e média burguesias) exploradas da sociedade. Esta imutabilidade do caráter do Estado atravessa, inclusive, os períodos de ditadura aberta (fascista) como o "Estado Novo" e o regime militar instaurado através do golpe cívico-militar de 1964, ou ditadura disfarçada, pela realização de eleições, como os recentes gerenciamentos Collor-Itamar, Cardoso e Luiz Inácio.


MANTER A OPRESSÃO E A EXPLORAÇÃO

Advertindo sobre o verdadeiro caráter das eleições burguesas, Marx alertava os partidos socialistas de seu tempo de que sob a dominação de classe da burguesia as eleições só serviam para, de tempos em tempos, escolher quem iria oprimir o povo no parlamento.

O apodrecido processo eleitoral brasileiro mantém a atualidade da afirmação de Marx. A cada eleição, independente da corrente política ou da fração das classes dominantes que assuma o sistema de governo, o poder do latifúndio, da grande burguesia e do imperialismo sai mais fortalecido, em detrimento das reais necessidades da imensa maioria do nosso povo. Este continuará morando mal, comendo mal, sem saúde e educação adequadas, sem terra para plantar, sem emprego ou com salário de fome, submetido à opressão policial e ao processo de achatamento cultural promovido, especialmente, pelo monopólio dos meios de comunicação.


SÓ A REVOLUÇÃO PODE MUDAR

A experiência histórica do proletariado mostra-nos que em lugar nenhum do mundo se conseguiu transformar as estruturas de poder sem que o proletariado, como classe, dirigido por um partido revolucionário, ousasse assaltar os céus. Foi assim na Comuna de Paris, na Revolução Russa e na Revolução Chinesa.

Também os processos de revoluções de libertação nacional desenvolvidos na América Latina, na África e na Ásia são comprovações de que as transformações de profundidade só foram conquistadas quando os povos lançaram mão da violência revolucionária para liquidar a dominação de seus opressores e exploradores.


SITUAÇÃO E "OPOSIÇÃO" DO OPORTUNISMO

Desde seu primeiro número em 2002, AND cunhou a expressão "eleição num sistema de partido único", para demonstrar que a mera participação no corrupto e apodrecido processo eleitoral brasileiro já é definidora da posição ideológica das organizações ditas partidárias que se registram no Superior Tribunal Eleitoral com estatutos que se diferenciam no secundário e se unificam no principal: a aceitação deste status quo de dominação do sistema burguês-latifundiário, serviçal do imperialismo. Tanto é assim que sua prática ao assumir o gerenciamento, quer no nível municipal, estadual ou federal, no essencial, não se diferenciam quanto ao tratamento dispensado às classes dominantes e às classes dominadas. Compare-se a administração de PSDB, DEM, PMDB, PT-Pecedobê, PDT, PSB, PPS, PP e PV e encontrar-se-á como elementos comuns: o servilismo ao sistema financeiro internacional, via FMI-Banco Mundial, aos bancos "nacionais", aos monopólios nacionais e transnacionais, ao latifúndio de velho e novo tipo, tudo isso desenvolvido em paralelo a um permanente processo de corrupção para formação de caixa de campanha eleitoral e de fortunas pessoais.

Agremiações outras como PSOL, PSTU, PCO e PCB, que no máximo ocupam postos no legislativo, fazem uso de um discurso de denúncia de desvios administrativos e de cobrança de promessas não cumpridas sem, entretanto, usar o parlamento para questionar as raízes do sistema de exploração de classes. Fazem uma apologia do socialismo para "inglês ver" e apresentam programas liberais para suas candidaturas aos cargos executivos. Estes "socialistas de boca" fogem da revolução e ao referendarem o espúrio processo eleitoral igualam-se aos "partidos" integrando-se ao partido único como uma de suas frações.


BOICOTAR A FARSA ELEITORAL

Há várias eleições que uma parcela significativa do eleitorado (mais de 30% no período de FHC e 27% no de Luiz Inácio) tem votado em branco, nulo ou simplesmente não comparece às urnas. Neste sentido esta parcela do povo está mais avançada que certas organizações ditas de esquerda que seguem legitimando o processo eleitoral burguês e integrado ao sistema reacionário.

Cada vez mais cresce o protesto popular, principalmente, no campo e nos bairros periféricos onde é voz comum o xingamento aos políticos de todas as correntes e a afirmação de que não se votará em nenhum deles.

Cabe, portanto, àqueles que aprofundaram a consciência sobre o significado das eleições nas semicolônias como o Brasil, organizar e coletivizar esta luta, que vem sendo desenvolvida pelas pessoas individualmente, com a formação de comitês de luta pelo boicote à farsa eleitoral, desencadeando uma intensa campanha de agitação e propaganda em torno de "eleição não, revolução sim".




Denunciar a corrupção eleitoral

Todo cidadão ou cidadã que souber da ocorrência de atos de compra de votos ou de desvios administrativos com fins eleitorais pode informar o fato imediatamente ao Ministério Público Eleitoral. Os representantes dessa instituição nos Municípios são os Promotores Eleitorais. O Ministério Público é um dos que tem autorização legal para solicitar à Justiça Eleitoral a punição a candidatos que cometam corrupção eleitoral. Como não possui vinculação a qualquer partido político, o Ministério Público é o grande parceiro da sociedade no combate à corrupção eleitoral.
Mas a apresentação da denúncia de compra de voto não é feita com exclusividade ao promotor eleitoral. Pode também ser encaminhada à polícia e até mesmo ao Juiz Eleitoral, que neste caso encaminha a denúncia para o destino mais adequado (polícia ou promotoria eleitoral, ou ambos).
O ideal é que a informação seja transmitida às autoridades por escrito, desde que isso seja possível ou não implique em ameaça ao informante. O melhor seria que em cada município houvesse pelo menos um COMITÊ 9840 e que esse comitê levasse ao promotor eleitoral os casos de corrupção nas eleições. Assim a denúncia é apresentada com o respaldo de toda a comunidade, não apenas de um ou alguns indivíduos.
Lembre-se: o promotor eleitoral é obrigado a agir diante da ocorrência da corrupção eleitoral. Embora não se espera que isso ocorra, pode haver alguma omissão por parte da promotoria. Neste caso, comunique o fato à Procuradoria Regional Eleitoral do seu Estado.












Para reflexão:
Você já participou de alguma reunião em que um candidato tenha oferecido ou prometido vantagens particulares aos eleitores em troca dos seus votos?
Você já assistiu a cenas de distribuição de cestas básicas, materiais de construção ou outros bens por candidatos?


RECEBIMENTO DE DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO ELEITORAL
Formulário de Denúncias: (arquivo word)


SITES ÚTEIS

Ninguém se engane com o Ficha Limpa

Escrito por Francisco Demontiê Gonçalves Macedo



Ficha Limpa é o nome uma campanha que foi lançada em abril de 2008 pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE, uma rede informal composta de importantes organizações da sociedade, tais como, a Associação Brasileira de ONGs (Abong), a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre outras.

Segundo os seus próprios idealizadores, o Ficha Limpa foi lançado com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos a cargos eletivos no Brasil, tornando mais rígidos os critérios de inelegibilidades, ou seja, de quem não pode se candidatar. Mas ninguém se engane com o Ficha Limpa, principalmente pelo nome, pensando que ele visa eliminar do cenário brasileiro os pretensos candidatos com ficha suja. Também não custa alertar que até mesmo a principal meta do Ficha Limpa – que é criar mecanismos para impedir as candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça de modo ainda não definitivo (Atualmente, pela lei, os candidatos só ficam inelegíveis depois de uma decisão condenatória transitada em julgado, também chamada de última instância, aquela da qual já não cabe mais recurso) – encontra-se seriamente ameaçada de não ser atingida.

Em 26 de junho de 2008, o MCCE, por meio da AMB, ajuizou uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF n. 144-DF) no Supremo Tribunal Federal – STF, visando reconhecer, com base em regra da Constituição Federal – CF, a invalidade da exigência (contida na Lei Complementar n. 64, de 18 de maio de 1990 – LC 64/90, que trata das inelegibilidades) de decisão em última instância para se poder impedir as candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça. O STF julgou a ação improcedente, com fundamento no princípio da presunção de inocência, existente na CF, segundo o qual, “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado [decisão em última instância] de sentença penal condenatória”. O STF adiantou, inclusive, em sua decisão, que tal princípio pode estender seus efeitos ao processo eleitoral. Com isso, o STF já respondeu àqueles que pensavam que o mencionado princípio estava ao adstrito ao processo penal. O STF também afirmou que estava consciente de que a sua decisão divergia do pensamento majoritário da opinião pública a respeito do assunto, mas que estava obedecendo à CF.

Vale pontuar que a CF é a lei máxima brasileira, devendo, pois, ser respeitada por todas as demais leis, e que o princípio da presunção de inocência, que fundamentou a decisão do STF, não pode ser abolido da CF, porque se trata de uma cláusula pétrea.

Mesmo sabendo disso, o MCCE elaborou e apresentou à Câmara dos Deputados, no dia 29 de setembro de 2009, um Projeto de Lei de iniciativa popular, resultante da coleta de 1 milhão e 300 mil assinaturas de eleitores, com a finalidade de excluir da LC 64/90, os dispositivos que exigem decisão transitada em julgado para se poder impedir as candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça. Pela redação desse Projeto de Lei, por exemplo, passariam a ser consideradas inelegíveis todas as pessoas condenadas em primeira instância, e, ainda, as que tivessem contra si denúncia apenas por órgão judicial colegiado pela prática de crime considerados graves. Esse Projeto de Lei de iniciativa popular, que, como se pode notar, ia de encontro ao pensamento do STF, não se sabe por que cargas d’água, nem chegou a ser votado na Câmara dos Deputados.

O Projeto de Lei que, sob os olhares da mídia e da passiva população brasileira, foi votado e aprovado na Câmara dos Deputados, no último dia 15 de maio de 2010, foi o apresentado pelo deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP). Pela redação desse Projeto de Lei, que também foi aprovado pelo Senado Federal, no dia 19 de maio de 2010, em menos de três dias de discussão, ficaram mantidas as exigências de decisão transitada em julgado contidas na LC 64/90. A situação mais curiosa desse Projeto de Lei é que as mencionadas exigências passaram a dividir espaços, alternativamente, com as exigências de decisão proferida por órgão judicial colegiado, ou seja, sem a necessidade de trânsito em julgado (decisão em última instância). Foi excluída desse Projeto de Lei a hipótese de inelegibilidade que existia no Projeto de Lei de iniciativa popular, pela qual se exigia apenas que a pessoa tivesse contra si denúncia recebida por órgão judicial colegiado pela prática de crimes considerados graves, para se vê impedida de participar do pleito eleitoral.

Convém enaltecer que foge à lógica do razoável uma lei conter regras contraditórias, daquelas em que uma proíbe enquanto a outra parece permitir determinada situação. Assim ficou a redação do Projeto de Lei que foi aprovado pela Câmara dos Deputados e ratificado pelo Senado Federal, ao impedir, por exemplo, a candidatura de uma pessoa condenada pela Justiça em decisão transitada em julgado e, ao mesmo tempo, de uma pessoa condenada pela Justiça em decisão ainda não transitada em julgado.

É uma coisa totalmente absurda, mas foi aprovada pelo Congresso Nacional e, provavelmente, será sancionada do jeito que está pelo Presidente da República, afinal, é ano eleitoral e de final de mandato, e nenhum político vai querer divergir da majoritária opinião pública.

Infelizmente, um absurdo desse é mais um prato cheio para os políticos com a ficha suja, pois assim eles terão mais um motivo para contestar, no STF, a validade das alterações que foram feitas na LC 64/90. E é lógico que eles não se esquecerão de lembrar ao STF sobre o teor da decisão proferida na ADPF n. 144-DF, de acordo com a qual, não se pode impedir as candidaturas de pessoas condenadas pela Justiça sem decisão transitada em julgado.

Cabe aqui abrir e fechar um parênteses para dizer que, de acordo com o artigo 16 da CF, mesmo que haja a sanção da Lei que foi aprovada pelo Congresso Nacional, as alterações que serão introduzidas na LC 64/90, sem falar das atrapalhadas acima, não valem para as eleições deste ano.



Em suma, ninguém se engane com o Ficha Lima, achando que ele vai poder mudar alguma coisa, porque está tudo indicando que não vai.





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*Bacharel em Direito - Espec. Direitos Difusos, Coletivos e Indiv. Homog. Servidor Público Federal e Membro da Associação Brasileira da Cidadania e do Consumidor do Estado de Mato Grosso do Sul ABCCON-MS

[1] Escrito em homenagem ao Ministro do STF Celso de Mello.

Ranking da corrupção

Segundo o TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL - TSE - o ranking da corrupção no Brasil foi o seguinte, medido pela quantidade de políticos cassados por corrupção desde 2000:
















1º) DEM (69);

2º) PMDB (66);

3º) PSDB (58);

4º) PP (26);

5º) PTB (24);

6º) PDT (23);

7º) PR (17);

8º) PPS (14);

9º) PT (10);

10º) PV, PHS, PRONA, PRP (1)

Dos 623 que foram cassados, quatro eram governadores e vices: Flamarion Portela, de Roraima, e Cássio Cunha Lima, da Paraíba, mantido no cargo por força de liminar do TSE. Os demais são senadores e suplentes (seis), deputados federais (oito), deputados distritais (13), prefeitos e vices (508) e vereadores (84).






De acordo com a pesquisa, o DEM é o partido que lidera o ranking (69), reunindo 20,4% dos políticos cassados. O PMDB (66) aparece logo depois, seguido por PSDB (58), PP (26), PTB (24), PDT (23), PR (17), PPS (14) e PT (10). Na última posição está o PV (1), empatado com PHS, Prona e PRP.

No ranking dos estados, Minas é que concentra o maior número de cassações (71), o equivalente a 11% do total. Em seguida, vem Rio Grande do Norte (60), São Paulo (55) e Bahia (54). O Rio de Janeiro está na 12ª posição, com 18 cassações neste período.

A pesquisa ressalta que o número de cassações pode aumentar. De acordo com o movimento, outros 1.100 processos relativos às eleições de 2006 ainda estão em tramitação e podem levar à perda de mandatos.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Rosa Luxemburgo


Filha de família pequeno burguesa, de origem judia, cujo pai, educado na Alemanha, era proprietário de uma serralheria e a mãe, mulher culta, leitora assídua dos clássicos alemães, Rosa Luxemburgo, nasceu em Zamosc, sudeste da Polônia, em 5 de março de 1871.


Rosa era a filha caçula, possuindo quatro irmãos. Aos dois anos e meio de idade foi com a família para Vasórvia. Aos cinco já sabia ler e escrever. Um diagnóstico incorreto de uma doença na coluna contraída nos seus primeiros anos de vida, além de deixá-la por cerca de um ano acamada, provoca uma deficiência que a fará mancar por toda a sua vida.
Ainda nos primeiros anos de sua vida aprenderá além do polonês, o alemão e, logo no início de sua juventude, dominará o russo.


Jovem rebelde

Aos 13 anos, ingressará na escola secundária para mulheres em Vasórvia, na qual concluirá os estudos em 1887 e, apesar das excelentes notas obtidas, não receberá a tradicional medalha de ouro, destinada aos melhores alunos, em função de sua "atitude rebelde" diante das autoridades escolares.
Foi justamente como secundarista que iniciou sua militância política, na clandestinidade, no Partido Revolucionário Proletário.

Perseguida pela polícia e ameaçada de prisão, em 1889, Rosa deixará a Polônia dirigindo-se para Zurique, destino da maioria dos refugiados políticos de toda a Europa, onde permanecerá por nove anos, encontrando-se como importantes dirigentes marxistas da época, como os russos Jorge Plekhânov e Pavel Axelrod.

Em 1891, entra para a Universidade, cursando Direito e dedicando-se também ao estudo das ciências naturais e da matemática. Torna-se, em 1897, uma das primeiras mulheres a concluir o curso de doutorado em ciências políticas.

Nestes anos, conhecerá Leo Jogiches, também militante socialista polonês, que trabalhará politicamente em estreita colaboração com Rosa, pelo resto de suas vidas e com o que se tornará seu marido por 15 anos.

Social-democrata

Em 1892, Rosa participa da fundação do Partido Socialista Polonês; tentativa de unificação dos diferentes grupos socialistas poloneses. Desde os primeiros momentos, estabelecerá com os principais dirigentes do PSP uma divergência sobre a questão do nacionalismo polaco, mostrando-se contrária à adoção da luta pela independência da Polônia como um eixo do partido, por entender que esta reivindicação subordinava os interesses dos operários e demais explorados da nação aos interesses da burguesia polonesa.

Dois anos depois, rompe com o PSP, fundando junto com Leo Jogiches, Marchlewski e Wazawski, a Social-democracia do Reino da Polônia, grupo que será o embrião do Partido Social Democrata da Polônia e Lituânia, tornando-se desde então uma das principais dirigentes da social-democracia européia.

Em 1896, quando já escreve para diversos jornais socialistas da Europa Ocidental, participa pela primeira vez como delegada do Congresso Mundial da Internacional Socialistas, a II Internacional. Nele polemiza com importantes lideranças da social democracia mundial, como Karl Kautski e Wilhelm Liebknecht - renomados dirigentes do poderoso Partido Social Democrata Alemão - sobre a questão nacional.

Contra o reformismo
Para burlar a proibição de que estrangeiros desenvolvessem atividades políticas na Alemanha, Rosa casa-se, em abril de 1897, com Gustav Lueck, filho de um amigo alemão, obtendo a cidadania alemã para o resto de sua vida. A encenação do enlace matrimomial dura apenas até a porta do Cartório de Registro Civil e cinco anos depois - tempo mínimo estabelecido pela legislação do país - os dois se divorciam.

Rosa Luxemburgo

A partir de 1898, fixa residência em Berlim e milita no SPD, então o principal exemplo da enorme influência que política revolucionária conquistará no movimento operário europeu e a maior organização proletária de todos os tempos. Em 1898 possui mais de dois milhões de eleitores; os quais ultrapassaram os 4,2 milhões em 1912 (34,7% do eleitorado), sua bancada parlamentar vai de 12 deputados em 1877, para 35 eleitos, em 1890, ultrapassando uma centena na segunda década deste século. O partido possuiu organizações femininas, da juventude, uma cooperativa, organizações desportivas e culturais e uma universidade. Chegou a publicar noventa jornais que possuíam mais de um milhão e meio de assinantes. Movimentava um capital de 21,5 milhões de marcos e possuía cerca de 3.500 empregados, incluindos os dos sindicatos que dirigia, com vários milhões de filiados.

Rosa torna-se na social-democracia alemã uma das principais opositoras da política reformista de Eduard Bernstein e outros que preconizavam o afastamento do SPD de uma política revolucionária, defendendo sua integração crescente ao Estado burguês.

Indicada em mais de uma oportunidade para organizar o trabalho feminino do SPD, rejeitou a tarefa pois apesar de compreender a importância da organização das mulheres para a luta pela sua emancipação e que esta só seria possível com a revolução socialista e o fim da escravidão econômica do matrimônio, entendia, acertadamente, a necessidade de estabelecer-se como uma das principais dirigentes do conjunto do partido.

Esquerda revolucionária

Integrando sempre a ala esquerda do SPD, colocou-se ao lado dos bolcheviques russos, contra os mencheviques, nas discussões sobre o caráter das revoluções russas de 1905 e 1917, posicionando-se sempre a favor de que a classe operária é quem deveria dirigir a luta por seus interesses.

Desde antes da I Guerra Mundial, integra a ala internacionalista da II internacional, que se oporá ao apoio que o SPD e grande maioria dos partidos social-democratas emprestaram às burguesia de seus países na I Guerra Mundial, traindo a luta da classe operária.

Conseqüente com sua oposição à guerra e a defesa de que os operários e soldados deveriam voltar suas armas contra as burguesia de seus países, impulsionará a ruptura com as posições da direção da social-democracia, criando com Karl Liebknecht e outros a Liga Espartáco - depois Partido Comunista Alemão - e participando do movimento que levará à criação da III Internacional, Internacional Comunista, sob a direção de Lênin e Trotski, em 1919.

Brilhante oradora, Rosa foi presa várias vezes, principalmente no período em que se lançou com todas suas energias à campanha contra a guerra imperialista. Saiu de sua última prisão libertada pelas massas sublevadas na Revolução Alemã de 1918.

Há 90 anos, no dia 15 de janeiro, junto com Liebknecht, foi brutalmente assassinada por forças paramilitares dirigidas pelo governo, então dirigido pelo SPD.



Entre seus principais escritos destacamos: A Polônia independente e a causa dos operários; Reforma social ou revolução; O socialismo e as igrejas; A crise da Social Democracia; A Revolução Russa; a Que se propõe o grupo Espártaco.