terça-feira, 20 de novembro de 2012

Julgamento do caso Bruno é suspenso e será retomado nesta terça


Após tumultos e atrasos, o julgamento do goleiro Bruno Fernandes foi interrompido nesta segunda-feira às 19h40 e será retomado neste terça. A previsão é de que o júri dure de duas a três semanas. O goleiro está sendo julgado por sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver da ex-amante Eliza Samudio, de 24 anos.

Além de Bruno, também estão sendo julgados seu braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, acusado dos mesmos crimes; a ex-mulher, Dayanne do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê que Elisa teve com o amante; e uma namorada do atleta, Fernanda Gomes de Castro, acusada de sequestro e cárcere privado da criança e da mãe.

O julgamento teve início depois de uma manhã tumultuada e três horas de atraso. Neste primeiro dia, houve o desmembramento do processo - com a saída do suposto executor da jovem - e o início do depoimento das testemunhas de acusação. O júri popular é composto por um homem e seis mulheres.

Apesar de bem mais magro e do semblante abatido, Bruno permaneceu todo o tempo de cabeça erguida, sentado ao lado de Dayanne, mas sem conversar com a ex-mulher, com que tem duas filhas. O goleiro também não falou com a noiva, a dentista Ingrid Calheiros, que saiu do Rio para acompanhar o julgamento em Contagem.

A primeira testemunha foi Clayton da Silva Gonçalves, amigo de infância de Bruno e Macarrão - que chegou a ser preso no início das investigações em torno do desaparecimento de Eliza, vista pela última vez no início de junho de 2010 e cujo corpo nunca foi encontrado. Foi na casa da namorada de Gonçalves que a polícia encontrou o filho de Bruno com Eliza. Ele alegou ter sofrido "pressão psicológica" e "ameaças" por parte da Polícia Civil, mas confirmou os depoimentos nos quais narrou conversa na qual Sérgio Rosa Sales disse que "Eliza já era". Sales era o único acusado do assassinato que aguardava o julgamento em liberdade, mas foi morto em agosto.

A testemunha, no entanto, entrou em uma série de contradições. Uma delas ao ser questionada sobre o motivo de ter aconselhado Bruno a "não matar" Eliza e a "assumir logo" a paternidade do bebê, conforme consta em um de seus depoimentos. Apesar de ter confirmado declarações, Gonçalves alegou "não se recordar" do conselho nem de tudo que foi falado à polícia porque "já se passaram dois anos".

Questionado pelo promotor Henry Wagner Gonçalves, a testemunha confirmou também que ouviu Sérgio Sales contar que Eliza havia sido "jogada para os cachorros". A versão foi a mesma apresentada por Jorge Rosa, primo de Bruno que à época do crime tinha 17 anos e já cumpriu medida socioeducativa por sequestro e assassinato.

Já o advogado de Bruno, Rui Pimenta, tentou desqualificar o depoimento pois, segundo ele, Gonçalves é "alcóolatra". A testemunha, por sua vez, não negou que bebe "de manhã, de tarde e de noite".

Tumultos

Além de Bruno, Macarrão, Dayanne e Fernanda, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também estava entre os réus do julgamento. Mas seus advogados, liderados por Ércio Quaresma, abandonaram o plenário, criticando a "falta de imparcialidade" do processo.

Para eles, a juíza Marixa Fabiane Lopes limitou o tempo para cada defensor apresentar verbalmente questões preliminares, antes mesmo do sorteio dos jurados. Bola recusou-se a ser representado por um defensor público e a magistrada desmembrou o processo e deu prazo de dez dias para que o ex-policial, acusado de ser o executor de Eliza, indique novo advogado.


Por Marcelo Portela, de O Estado de S. Paulo

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